segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Duas fantasias além da imaginação

Star Trek (2009), de J.J. Abrams. Com Chris Pine.
É preciso abandonar todos os conceitos de ficção científica que existam e expandir a mente para se entreter no reinício de uma das séries de filmes (e seriados também) de maior sucesso na área. Star Trek recomeça com o pé direito essa nova coletânea no meio sci-fi do cinema. Com poucas atuações convincentes e alguns astros de blockbusters com interpretações risíveis, o filme caminha sozinho com uma narrativa convincente e agradável, mas abusa nos exageros. E é só isso que impede que o filme não avance para uma grande história, sobre a inimizade entre Kirk (vivido pelo jovem ator Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto, mais conhecido pelo personagem Sylar, da série Heroes). Eles têm que se unir contra o vilão maior, para atingir a paz universal. A grande sacada do filme foi convidar o ator octagenário Leonard Nimoy, que, na saga do Jornada nas Estrelas dos anos 80 e início de 90, viveu o Capitão Spock. Uma lembrança singela e significativa aos áureos tempos da ficção científica. A parte técnica da produção é talvez o melhor do longa, que sabe englobar todo tipo de espectador, dos fãs aos iniciantes.
Avaliação: 7,5

Tá chovendo hamburguer (2009), de Phil Lord e Chris Miller.
É muito complicado julgar animação, pois nunca se sabe para quem é o foco. Se é para as crianças que assistem ou para os pais que acompanham ou para ambos. Poucos conseguem a proeza de entretar a todos. E Tá chovendo hamburguer não foge à essa regra. A trama começa de forma criativa e envolvente: um jovem cientista fracassa em mais um de seus loucos experimentos, causando transtorno a todos os moradores de sua cidade esquecida. Mas uma estranha mutação na experiência provoca uma chuva de comida, o que acaba satisfazendo a todos. Essa premissa é, sem dúvida, interessante. Mas, ao subestimar demais o espectador e pretender mais do que pode, a narrativa acaba caindo no marasmo e não avança mais que isso em sua trama.
Avaliação: 6,0

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Duas corridas com obstáculos

Iniciando o ano do "Após o The End" só agora, duas críticas de filmes produzidos no ano que passou. Feliz 2010!

Jean Charles
(2009), de Henrique Goldman. Com Selton Mello.
Essa biografia narra a infeliz trajetória do mineiro Jean Charles em Londres, que resultou em um terrível equívoco por parte das autoridades policiais inglesas. Selton Mello (O auto da compadecida e Meu nome não é Johnny) interpreta sem erros e sem defeitos o brasileiro imigrante que vai pra Inglaterra em busca de trabalho, dinheiro e diversão. Mas infelizmente essa obra não consegue alcançar o tremendo impacto que o incidente repercutiu por todo o mundo. Não há muito empenho para incluir o espectador à história e alguns personagens (ou atores, talvez) não têm a carisma suficiente. Merece destaque a atuação de Luis Miranda (da série Sob nova direção) para as cenas de drama e de humor.
Avaliação: 6,0

Preciosa (2009), de Lee Daniels. Com Gabourey Sidibe.
Sem dúvida, o acerto do ano! Preciosa é uma verdadeira aula de vida, misturada a doses fortes de cenas chocantes e metáforas esperançosas. O filme independente conta com várias estreias que serão de grande importância para o futuro do cinema. Como o diretor Lee Daniels, em seu primeiro trabalho. Ou a jovem Gabourey Sidibe, começando nas telas agora, ao viver a obesa analfabeta negra, com dois filhos (ambos frutos do abuso sexual de seu pai) e agredida frequentemente pela mãe. Outra que merece aplausos de pé é Mo´nique, que incrementa ainda mais o drama como a mãe bruta e ignorante. O longa tinha tudo para ser apenas mais um dramalhão que força o espectador às lágrimas, mas toda a história é tão bem encaminhada e dirigida, que aguça a sensibilidade máxima de todos. No mínimo, um presente lacrado para os cinéfilos que não se incomodam com cenas fortes, mas que se emocionam com promessas de esperança.
Avaliação: 10