Duas vidas após as mortes

A liberdade é azul (1993), de Krzysztof Kieslowski. Com Juliette Binoche.
O renomado diretor polonês Krzysztof Kieslowski iniciou há dezesseis anos a Trilogia das cores com A liberdade é azul, criando um mundo comum com toques marcantes de azul. Mas, infelizmente, esse primeiro capítulo não impressiona. A história gira ao redor de Julie Vignon (vivida pela frieza angustiante de Juliette Binoche), que se prende a uma vida esvaziada pelas mortes do marido e da filha. A direção é discreta e por vezes inovadora, mas o roteiro (também de Kieslowski, em parceria com Agnieska Holland) se apega a situações paralelas irrelevantes (como os filhotes de rato ou a vizinha prostituta) e ofusca o drama principal: a dor de Julie. Ou foi um vacilo penoso ou uma inteligente sacada do diretor. Fica a critério do espectador que se dispor aos 93 minutos de azul.
Avaliação: 6,5

Abraços partidos (2009), de Pedro Almodóvar. Com Lluís Homar.
Ciúmes. Elegância. Charme de Penélope Cruz. Cinema inteligente. Roteiro criativo. Todas essas são características do cinema de Almodóvar. E como não era de se esperar, estão presentes no seu mais novo trabalho, Abraços partidos. Por todo o filme, o diretor brinca de forma curiosa e divertida com o passado e presente de Mateo Blanco/Harry Caine (estrelado competentemente por Lluís Homar) , que perde sua mulher (a sempre bela Penélope) e sua visão em um acidente de carro. A história retrata duas épocas muito distintas: o ano de 1994, em que o romance entre Lena e Mateo nasce, cresce e morre, e o de 2008, com um velho e sedutor Harry às voltas como um escritor de roteiros de cinema. Além do elenco de primeira, contando também com Bianca Portillo (em uma atuação de destaque), Abraços... tem uma trilha sonora que merece um lugar no próximo Oscar.
Avaliação: 8,5

Obs.: Com a divulgação amanhã dos indicados ao Globo de Ouro 2010, na próxima atualização eu irei comentar categoria por categoria toda a lista da premiação. Além disso, mais dois filmes comentados.
Até a próxima!