Começando pelas duas críticas rotineiras e, depois, uma crítica antiga publicada na revista virtual Desenredos.
Notas sobre um escândalo (2006), de Richard Eyre. Com Judi Dench.

Esse drama polêmico-"disfarçado" esteve nas listas dos melhores de 2006. E todo elogio é pouco diante dessa grande obra. A partir de monólogos internos e más interpretações de gestos e situações, é narrada a história de Barbara Covett, vivida por Judi Dench (
Shakespeare apaixonado e
Iris). Barbara é uma professora ginasial que conhece Sheba Hart, representada por Cate Blanchett (
O curioso caso de Benjamin Button e
Elizabeth), colega de trabalho que se envolve com um aluno de sua classe. Sheba tem seu segredo descoberto por Covett, mas essa mostra-se bastante carente por amizade e concorda em não revelá-lo, contanto que ambas possam ser confidentes uma da outra. Mas a obsessão e os ciúmes podem trazer sérias consequências para elas. O filme é, em si, a prova de cinema inteligente e, como se não bastasse, os outros elementos ajudam a torná-lo ainda mais especial, como a dupla principal (nada menos que perfeitas interpretações) e a trilha sonora que se encaixa brilhantemente com as imagens fortes.
Avaliação: 9,5
Amadeus (1984), de Milos Forman. Com F. Murray Abraham.
Desde que começa o longa, já se sabe que não é qualquer filme que veremos. A obra-prima que nos é mostrada é algo que está devidamente à altura do grande homenageado: Wolfgang Amadeus Mozart. Ambientado na Viena do século XVIII, a

trajetória do insano Amadeus é contada em flashback pelo então idoso e suicida Antonio Salieri (aqui interpretado por F. Murray Abraham, de
Scarface e
Poderosa Afrodite). As interpretações são uns dos pontos mais fortes da trama, que conta a relação de Mozart (vivido por Tom Hulce, visto também em
Frankestein de Mary Shelley e
Mais estranho que a ficção) com a Corte, com sua dedicada e bela esposa e com o falso e invejoso Salieri. É quase impossível fazer qualquer comentário logo após assistir à essa verdadeira obra de arte, que conta com detalhes simplesmente perfeitos, como a direção de arte, os figurinos e a maquiagem. Enfim, a recriação da época, encabeçada pelo diretor Milos Forman (
Hair e
Um estranho no ninho) é no mínimo de brilhar os olhos do espectador. Todo o espetáculo é de uma inteligência e elegância que impressiona. Digno de aplausos em pé e várias revisitações à melhor biografia já feita na história do cinema.
Avaliação: 8,5
Canções de amor (2008), de Christophe Honoré. Com Louis Garrel.

Elaborar um roteiro é uma árdua tarefa. Se for um roteiro musical torna-se ainda mais difícil. E criar um com músicas que já existem é um alvo fácil para críticas ácidas. Prova disso são os recentes Across the Universe (de Julie Taymor, 2007) e Mamma Mia! (de Phyllida Lloyd, 2008), que não alcançaram o sucesso estimado. Mas a partir do que é cantado em um dos musicais acima, “com todos os erros devemos estar sempre aprendendo”, Canções de amor comprova que realmente aprendeu. A história de dor e redenção seria facilmente esquecida se tivesse caído em mãos erradas. Mas com o diretor em ascensão Christophe Honoré (Em Paris e A bela Junie), o filme ganhou novos ares. Pode-se até dizer que há dois protagonistas na tela: Ismaël e Jeanne, vividos respectivamente por Louis Garrel (Os sonhadores e A fronteira da alvorada) e Chiara Mastroianni (dubladora de Marjane Satrapi, na premiada animação Persépolis). Ambos não sabem conviver com a perda de uma pessoa em comum, mas, enquanto ele persiste em continuar vivendo sua vida com novos amores, ela encontra-se sem conseguir avançar nem retroceder. O filme, que esteve na lista especial do Festival de Cannes de 2008, proporciona momentos únicos e originais, os quais impressionaram muitos críticos, desde a melancólico abertura, que mostra as ruas movimentadas no crepúsculo de Paris, até os créditos, com a conveniente música da cantora francesa Bárbara, Ce Matin (“eu fui ao bosque para colher amoras para ti, meu amor, para ti”). Mas, melhor do que as atuações, as locações e o enredo intenso, as músicas de Alex Beaupain funcionam muito mais do que só para completar diálogos. Transpõem sentimentos que, por vezes, a simples conversa não é suficiente. Enfim, essa fórmula bem-elaborada (que conta com competentes direção de arte, fotografia e montagem), consegue atingir seu objetivo: fazer um filme simples, mas com uma mensagem bastante profunda. Cabe apenas a cada um descobrir qual é essa mensagem.
adorei a materia sobre amadeus
ResponderExcluirmas só 8,5.... merece mais